> Existe um enorme património genético com um valor intrínseco incalculável
O elenco florístico dos Charcos Temporários é o que caracteriza este habitat sendo a sua diversidade elevada, pouco abundante e por vezes rara. É por isso que este habitat é tão especial e é-lhe conferido proteção legal devido às várias espécies com estatutos de conservação. Existe um enorme património genético nos Charcos Temporários da Costa Sudoeste de Portugal com um valor intrínseco incalculável e o Projeto LIFE Charcos pretende conserva-lo a médio e longo prazo.
Apesar das ações de restauro e recuperação efetuadas pelo Projeto no local de origem dos Charcos Temporários (conservação in-situ), também foram efetuadas ações de conservação fora desse local através de bancos de germpoplasma (conservação ex-situ).
Os bancos de germoplasma são infraestruturas científicas que através do armazenamento de sementes, ADN, tecidos ou outras partes de plantas conservadas a baixas temperaturas possibilita a sua salvaguarda por períodos mais ou menos longos. Estas infraestruturas são consideradas como opções de conservação preventiva, funcionando como um seguro contra futuras ameaças, situação particularmente importante em espécies com populações pequenas ou muito localizadas, como é o caso das plantas dos Charcos Temporários.
O banco de sementes criado pelo LIFE Charcos na Universidade de Évora já conta com cerca de 80% da diversidade das plantas que são específicas aos Charcos Temporários Mediterrânicos.
Foi um processo moroso e nada fácil porque a recolha de sementes maduras está condicionada à sua disponibilidade que, como referido anteriormente, são muitas espécies, pouco abundantes e por vezes raras. Mas, ao longo dos últimos 3 anos foram recolhidas sementes de 130 espécies de plantas associadas a este habitat.
Após a recolha, as sementes foram limpas num processo minucioso para reduzir os restos de matéria vegetal ou outros resíduos e eliminar sementes danificadas. Depois de limpas as sementes foram secas, contadas e pesadas. Foi ainda necessário proceder a testes para avaliar a viabilidade de germinação. Posteriormente, as amostras originais e os duplicados de segurança foram armazenados em tubos de ensaio ou frascos de vidro hermeticamente fechados, consoante a quantidade de sementes de cada espécie disponível.
Entretanto, foram partilhados alguns duplicados com os bancos de sementes do Jardim Botânico de Kew (Reino Unido) e do Jardim Botânico da Ajuda da Universidade de Lisboa com o objetivo de cooperação com os maiores projetos mundiais de conservação de plantas.
Desta forma, assegura-se a conservação da diversidade genética de populações de plantas destes charcos em particular, permitindo também o fornecimento de material para a investigação ou para ações de restauro e recuperação de habitats no SIC da Costa Sudoeste. Efetivamente, este recurso pode permitir a reintrodução ou o reforço populacional em situações extremas de populações em risco de extinção.