"Charcos Temporários: um habitat natural a proteger!"

Crustáceos - Grandes Branquiópodes

> Chirocephalus diaphanus

Ordem: Anostraca (“camarão-fada”)


Os "camarões-fada", por tradução do inglês "fairy-shrimp", são crustáceos que, na sua maioria, vivem em sistemas temporários de água doce adaptados a condições muito concretas do meio aquático e com tolerâncias muito estreitas a determinados fatores ambientais sendo que por isso são considerados bons indicadores ecológicos.

Diferenciam-se dos restantes branquiópodes devido à ausência de carapaça. Esta espécie de crustáceo de água doce temporária pode atingir um comprimento máximo de 3,7cm.

Os crustáceos da ordem Anostraca, possuem sexos separados mas com um claro dimorfismo sexual, ou seja, os machos e as fêmeas têm um aspeto diferente. Os machos têm um par de pénis retráteis e antenas desenvolvidas para agarrar a fêmea durante a cópula. As fêmeas têm antenas mais pequenas e possuem um ovissaco (saco de cistos a formar uma protuberância ventral). Nesta espécie o ovissaco é longo, tem forma cónica e pode atingir o nível do 6º segmento abdominal. É neste ovissaco que os ovos amadurecem e são armazenados até à sua libertação, já como cistos.

Estes crustáceos de água doce temporária vivem em charcos temporários, onde existem menos predadores que em sistemas aquáticos permanentes. Uma caraterística muito interessante é que estes camarões-fada nadam livremente na coluna de água, de "barriga" para cima.

A deslocação, a respiração e a alimentação são feitas em conjunto mediante o batimento dos toracópodes que retiram partículas da coluna de água, como por exemplo, fitoplâncton, protozoários, detritos orgânicos ou até partículas de argila porque se encontram revestidas de bactérias e outros organismos microscópios que servem de alimento aos camarões-fada. Estes alimentos acumulam-se no canal alimentar e são empurrados para a boca com a ajuda dos primeiros toracópodes.

Na imagem seguinte é possível observar o macho (em cima) e a fêmea (em baixo).

Outras características estão ilustradas na imagem seguinte:

Ref: Adaptado de Alonso, M.1996. Crustacea, Branchiopoda. In Fauna Ibérica (eds, Ramos, M.A., Alba, J., Bellés, X., Gonsálbes, J., Guerra, A., Macpherson, E., Martin, F., Serrano, J. & Templado, J.), 7: 1-486. Museo Nacional de Ciencias Naturales-CSIC, Madrid.

Ciclo de vida:

A fase ativa do ciclo de vida desenrola-se durante a fase de inundação do biótopo, podendo durar de pouco mais de 1 mês a pouco mais de 3 meses. 

Alimentação:

São filtradores porque nadam livremente na coluna de água "filtrando" o que encontram, nomeadamente fitoplâncton, protozoários, detritos orgânicos ou até partículas de argila porque estão revestidas de matéria orgânica e de organismos microscópios que lhes servem de alimento.

Reprodução:

A maturação sexual é atingida entre 2 a 9 semanas após a eclosão. A fecundação é interna e pode ocorrer múltiplas vezes ao longo do período de vida de cada fêmea adulta.  Antes de os libertar, as fêmeas armazenam os cistos no ovissaco. Verificam-se, igualmente, posturas múltiplas. Os cistos são esféricos, alaranjados e bem visíveis no ovissaco. O n.º de cistos por postura está diretamente relacionado com o tamanho da fêmea.

Cisto de Chirocephalus diaphanus - Fotografia de Margarida Cristo


Larva de Chirocephalus diaphanus - Fotografia de Margarida Cristo

Ocorre em diversos tipos de sistemas temporários dulçaquícolas, nomeadamente Charcos Temporários Mediterrânicos (Habitat Prioritário 3170 – Diretiva 92/43/CEE), valas, campos inundados e pedreiras abandonadas.

É uma espécie paleártica. Tem uma larga distribuição em Portugal.

As ameaças à espécie estão diretamente relacionadas com a perda ou degradação do seu habitat.

Até à data, não apresenta estatuto legal de proteção.


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