"Charcos Temporários: um habitat natural a proteger!"

Crustáceos - Grandes Branquiópodes

> Triops vicentinus

Ordem: Notostraca (“camarão-girino”)


Estes organismos são conhecidos como fósseis vivos porque existem há mais de 200 milhões de anos. São crustáceos de água doce temporária designados de "camarões-girino", como traduzido do inglês “tadpole shrimps”. 

Fotografia de Elisabete Rodrigues | Sul Informação

O género Triops é assim chamado pelo fato de possuir 3 olhos (2 olhos compostos e 1 naupliano). Estes animais possuem também cerca de 50 pares de apêndices designados de toracópodes. Estes toracópodes, tal como em todos os branquiópodes têm várias funções, ou seja, alguns servem para a respiração (brânquias nos pés), outros ajudam o animal a mover-se (locomoção) e outros ainda ajudam-o a alimentar-se.

Fotografia de José Pacheco

Os camarões-girino passam a maior parte do tempo no fundo do charco temporário, sobre o leito, mas podem ser encontrados a nadar em toda a coluna de água.

Fotografia de Vasco Flores Cruz

Estes animais possuem os sexos separados mas os machos e as fêmeas são muito parecidos. Uma das principais diferenças é que nas fêmeas o décimo-primeiro toracópode de cada lado do corpo é ligeiramente modificado para poder albergar os cistos, como ilustra a imagem seguinte.

Cortesia de Luís Quinta

Outra diferença é que a carapaça dos machos é ligeiramente mais redonda (alargada) e mais baixa do que a das fêmeas, mas a carapaça das fêmeas é maior do que a carapaça dos machos.

O comprimento máximo da carapaça, sem contar com os cercópodes (cauda), pode chegar até aos 7cm.

Ref: Adaptado de Alonso, M.1996. Crustacea, Branchiopoda. In Fauna Ibérica (eds, Ramos, M.A., Alba, J., Bellés, X., Gonsálbes, J., Guerra, A., Macpherson, E., Martin, F., Serrano, J. & Templado, J.), 7: 1-486. Museo Nacional de Ciencias Naturales-CSIC, Madrid.

 

Imagens do Triops vicentinus a movimentar-se. Cortesia de Horácio Costa


Ciclo de vida

Os cistos (Imagem A), são muito resistentes à dessecação e por isso capazes de sobreviver durante anos ou décadas até à chegada das chuvas a níveis adequados. Assim, logo que existam as condições ideais, os cistos eclodem dando origem a larvas que rapidamente se transformam em juvenis, como ilustra a imagem B.

A fase ativa do ciclo de vida desenrola-se na fase de inundação do biótopo.

Imagem A - Cisto de Triops vicentinus


Imagem B - Juvenil de Triops vicentinus. Fotografia de Margarida Cristo

Ao longo do crescimento, os indivíduos de Triops vicentinus, como crustáceos que são, mudam as suas carapaças.

Carapaças de Triops vicentinus. Fotografia de Cristina Madeira Baião (LPN)

 

Alimentação

Numa fase inicial de desenvolvimento, estes crustáceos alimentam-se de matéria orgânica particulada, bactérias e microalgas. Ao longo do seu desenvolvimento passam a ser macrófagos omnívoros, fundamentalmente detritívoros e necrófagos, alimentando-se de detritos, macrófitos e cadáveres de organismos aquáticos. Numa fase de vida mais avançada são também carnívoros, predando pequenos crustáceos como copépodes, ostracodes e camarões-fada, minhocas de água, larvas de insetos ou girinos de anfíbios.

Imagem de zooplâncton encontrado dentro dos Charcos Temporários.

Fotografia de Luís Guilherme Sousa

 

Reprodução

A maturidade sexual é atingida em cerca de 4 semanas, com um comprimento de carapaça de 12-13mm. A fecundação é interna e pode ocorrer múltiplas vezes ao longo do período de vida de cada fêmea adulta, verificando-se, igualmente, posturas múltiplas de ovos resistentes à dissecação (cistos). Os cistos (ovos ou já embriões) são esféricos e de cor vermelho-acastanhado, como ilustra a Imagem A. 

As fêmeas escavam o sedimento, libertam os cistos que armazenam durante algumas horas num par de bolsas localizadas no 11º par de toracópodes (patas) e cobrem-nos seguidamente com sedimento. O número de cistos por postura está diretamente relacionado com o tamanho da fêmea.

Fotografia de Luís Quinta

Charcos temporários dulçaquícolas, nomeadamente Charcos Temporários Mediterrânicos (Habitat Prioritário 3170 – Diretiva 92/43/CEE).

É uma espécie endémica do extremo sudoeste de Portugal com distribuição restrita desde o Concelho de Vila do Bispo até Faro.

As ameaças à espécie estão diretamente relacionadas com a perda ou degradação de habitat.

Até à data, não apresenta estatuto legal de proteção.


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