Charco Temporário Mediterrânico na fase inundada e na fase seca
(fotos de Carla Pinto-Cruz)
Os Charcos Temporários Mediterrânicos (CTM) são depressões pouco profundas que apresentam uma alternância anual entre uma fase seca e uma fase inundada. A existência de uma camada de solo na área dos charcos com menor permeabilidade do que na área circundante favorece a retenção da água da chuva. Por outro lado, como verificado durante o início do Projeto LIFE Charcos, à medida que a recarga do aquífero subjacente faz subir o nível freático, a conexão dos charcos com as águas subterrâneas, às quais se encontram hidraulicamente ligados, torna mais prolongado o período em que há armazenamento de água nos charcos. Estes apresentam assim um hidroperíodo superior àquele que corresponderia a simples acumulação de água da chuva em depressões impermeáveis no terreno. Saiba mais sobre a Hidrogeologia dos Charcos Temporários aqui.
As espécies de fauna e flora que os colonizam estão adaptadas às condições ecológicas que são próprias deste habitat típico da Região Mediterrânica, nomeadamente a sazonalidade na disponibilidade de água. Assim, estas espécies têm a capacidade de viver em condições de submersão durante alguns meses e, seguidamente, suportam as condições de secura estival extrema.
A dinâmica espácio-temporal condiciona a composição e zonação dos seres vivos nos charcos. No início da primavera, podemos observar as plantas aquáticas flutuantes, com as folhas e flores à superfície. Sucedem-se as plantas anfíbias, que começam o seu desenvolvimento vegetativo ainda submersas e florescem apenas quando a água começa a desaparecer, persistindo até à chegada da fase seca (início do verão). Quanto à fauna, os charcos temporários servem de zona de alimentação e de reprodução a várias espécies de aves, anfíbios e invertebrados, sendo cruciais para a existência de algumas espécies pouco comuns e com elevado valor de conservação.
Conheça melhor alguma da biodiversidade dos Charcos Temporários:
Flora, Anfíbios, Répteis, Mamíferos e Grandes Branquiópodes.
Os Charcos Temporários Mediterrânicos constituem um dos mais notáveis e singulares habitats de água doce da Europa e são considerados um habitat prioritário pelo Anexo I da Directiva Habitats (92/43/CEE) - Charcos Temporários Mediterrânicos (3170*). Para além de terem um papel importante na conectividade entre outros habitats de água doce, a diversidade de vida existente num charco temporário é muito elevada, e geralmente superior à que se pode encontrar em outros meios aquáticos como, por exemplo, lagoas permanentes ou cursos de água. Muitas das espécies que albergam são consideradas raras e ameaçadas, quer a nível europeu, quer a nível global.