Anfíbios

> Salamandra-de-costelas-salientes
Pleurodeles waltl
A salamandra-de-costelas-salientes é o maior anfíbio caudata da fauna ibérica, variando o seu comprimento total entre 15 a 25 cm. Excepcionalmente, pode atingir 30cm.
O aspeto desta salamandra parece primitivo ou um tanto grotesco. No geral, é aplanada, com cabeça grande, larga e contornos arredondados. Os olhos são pequenos e prominentes, situados em posição lateral. O dorso é rugoso, não tem crista e a coloração é acinzentada, esverdeada ou acastanhada, normalmente com manchas escuras. O ventre é claro, de tons amarelados, esbranquiçados, alaranjados ou acinzentados. A cauda é achatada lateralmente e ligeiramente maior do que o corpo, com uma pequena crista, por vezes alaranjada.
Pleurodeles waltl - Fotografia de Vasco Flores Cruz em Anfíbios e Répteis de Portugal
Nos flancos possui uma fileira de sete ou nove protuberâncias glandulares de cor alaranjada que coincidem com os extremos das costelas. É por estas protuberâncias que podem sobressair as pontas das costelas. Esta habilidade é defensiva e só é usada quando o animal percebe que está em perigo.
Protuberâncias glandulares da Pleurodeles waltl - Fotografia de Vasco Flores Cruz em Anfíbios e Répteis de Portugal
Dimorfismo sexual
Os machos têm a cauda mais larga e com crista mais alta do que as fêmeas, especialmente na época de reprodução. Durante este período, os machos apresentam a região cloacal mais proeminente, os membros anteriores mais robustos e desenvolvem calosidades nupciais escuras nos dedos e na parte interna dos membros para melhor "agarrar" a fêmea.
Comportamento
Os indivíduos adultos apresentam hábitos aquáticos mas durante a noite ou ao final do dia. Durante o dia permanecem nas zonas mais profundas dos charcos, vindo à superfície apenas quando necessitam de respirar. quando as massas de água começam a secar, mudam-se para outros charcos nas proximidades e podem passar por períodos de estivação enterrados no fundo dos charcos ou debaixo das pedras.
Reprodução
A época de reprodução varia entre setembro e julho, consoante a região geográfica da sua distribuição. Na costa sudoeste de Portugal vai desde o final do inverno e é plena na primavera.
O acasalamento ocorre dentro de água, após um complexo cortejamento, o macho nada para baixo da fêmea e agarra os seus membros dianteiros, posição que se pode manter durante horas. Antes de depositar o espermatóforo, o macho liberta um das patas da fêmea e contorce-se até conseguir o contacto entre as cloacas.
Ao fim de alguns dias a fêmea liberta entre 150 a 800 ovos em pequenas massas de 9 a 20 unidades em plantas aquáticas, pedras submersas ou no fundo dos charcos. A eclosão das larvas ocorre após 10 a 15 dias, mantendo-se depois na água durante cerca de 4 meses, até atingirem a metamorfose. As larvas podem ser observadas de Março a Abril, distinguindo-se pela peculiar cabeça achatada.
Larva de Pleurodeles waltl - Fotografia de Vasco Flores Cruz em Anfíbios e Répteis de Portugal
A longevidade desta espécie ultrapassa os 10 anos.
Alimentação
A alimentação doa adultos é constituída por larvas de insetos, crustáceos e outros invertebrados aquáticos, larvas de anfíbios (incluindo a sua própria espécie), animais mortos e tritões. Localizam as suas presas sobretudo através do olfato. As larvas alimentam-se, principalmente, de pequenos insetos aquáticos e crustáceos (cladóceras e copépodes).
Tanto os adultos como as larvas desta espécie podem ser capturados por cobras-de-água, lagostim-vermelho-da-Louisiana e alguns peixes (se estes existirem nas massas de água escolhidas).
Como principal mecanismo de defesa, podem arquear o corpo, tornando salientes as suas protuberâncias costelais, através das quais segregam substâncias tóxicas.
Vivem em locais muito diversos e apresentam uma grande flexibilidade anual para alterar entre a fase terrestre e a fase aquática, dependendo das condições meteorológicas e da disponibilidade de água nos meios aquáticos temporários.
A fase aquática desencadeia-se com as primeiras chuvas outonais. A fase terrestre ocorre após a época de reprodução, sendo pouco conhecida. Nessa altura supõe-se que esta salamandra se esconda enterrada ou debaixo de pedras.
Consegue suportar níveis moderados de contaminação da água.
Ocorre na maior parte da Península Ibérica com influência climática mediterrânica e também no norte de Marrocos.
A espécie está amplamente distribuída no Sul de Portugal em variados meios aquáticos, geralmente com maior teor de turbidez da água, sejam naturais ou artificiais, e aguenta bem alguma poluição orgânica.
Pedro Beja, Jaime Bosch, Miguel Tejedo, Paul Edgar, David Donaire-Barroso, Miguel Lizana, Iñigo Martínez-Solano, Alfredo Salvador, Mario García-París, Ernesto Recuero Gil, Tahar Slimani , El Hassan El Mouden, Philippe Geniez, Tahar Slimani. 2009. Pleurodeles waltl. The IUCN Red List of Threatened Species 2009: e.T59463A11926338. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2009.RLTS.T59463A11926338.en. Downloaded on 05 December 2016.
Apesar de ser uma espécie numerosa, tem sofrido com as ameaças competitivas e predatórias impostas por espécies exóticas invasoras como o lagostim-vermelho-do-Louisiana (Procambarus clarkii) e peixes americanos (e.g. perca-sol, chanchito, gambúsia).
Na Lista Vermelha da IUCN, esta espécie tem o estatuto de conservação de Quase Ameaçada.
Pedro Beja, Jaime Bosch, Miguel Tejedo, Paul Edgar, David Donaire-Barroso, Miguel Lizana, Iñigo Martínez-Solano, Alfredo Salvador, Mario García-París, Ernesto Recuero Gil, Tahar Slimani , El Hassan El Mouden, Philippe Geniez, Tahar Slimani. 2009. Pleurodeles waltl. The IUCN Red List of Threatened Species 2009: e.T59463A11926338. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2009.RLTS.T59463A11926338.en. Downloaded on 05 December 2016.