Anfíbios

> Rã-de-focinho-pontiagudo
Discoglossus galganoi
A rã-de-focinho-pontiagudo tem aspecto de rã mas é um sapo!
É um sapo de tamanho médio, cujo comprimento varia entre os 4,5 e os 6,5 cm. Possui uma cabeça larga, focinho pontiagudo, olhos proeminentes, com pupila arredondada ou em forma de coração e íris dourada na parte superior.
O tímpano é pouco percetíveis, característica que ajuda a distingui-lo das rãs Pelophylax perezi mais acastanhadas (estas têm sempre tímpano bem visível assim como uma nítida linha dorsal longitudinal de cor verde).
Os membros anteriores são robustos, com 4 dedos e três tubérculos palmares, dos quais o interno é mais desenvolvido. Os membros posteriores são comprindos, adaptados ao salto, com 5 dedos unidos por membranas interdigitais.
Adulto de Discoglossus galganoi - Fotografia de Vasco Flores Cruz em Anfíbios e Répteis de Portugal
A coloração acastanhada e/ou acinzentada é muito variável, embora predominem três tipos: um desenho de grandes manchas irregulares escuras com bordas claras sobre um tom claro de castanho-acinzentado; um desenho raiado composto de uma faixa dorsal clara e duas faixas laterais brilhantes sobre um fundo manchado escuro; um desenho mosqueado com manchas arredondadas dispostos irregular e ocasionalmente em três faixas longitudinais, parecido ao padrão dalgumas rãs-verdes. O triângulo formado pelos olhos e boca apresentam, normalmente, tonalidades mais claras. O ventre é esbranquiçado e pode ter manchas.
Na época de acasalamento o macho coaxa um sucessivo rhôau-rhôau-rhôau-rhôau que apenas se ouve bem quando próximo do animal.
Este taxon está intimamente relacionado com D. jeanneae, e alguns autores consideram que eles são a mesma espécie.
Comportamento
É uma espécie de hábitos predominantemente crepusculares, embora também possa ser diurna nos dias húmidos ou chuvosos, em especial no que se refere aos juvenis. Durante o dia refugia-se entre a vegetação ou, mais raramente, debaixo de pedras, sobre substrato muito húmido. Encontra-se ativa durante todo o ano, embora com menor intensidade nas épocas mais quentes e secas.
Reprodução
O período de reprodução geralmente dura de Outubro a Dezembro, nesta área geográfica da Costa Sudoeste de Portugal, uma vez que existe elevada variabilidade geográfica.
Fêmea grávida de Discoglossus galganoi - Fotografia de Vasco Flores Cruz em Anfíbios e Répteis de Portugal
O amplexo é inguinal e de curta duração, ocorrendo dentro de água. A fêmea acasala sucessivamente com vários machos, depositando de cada vez cerca de 20 a 50 ovos independentes.
Os ovos são escuros e esféricos sendo o período de incubação de cerca de 2 a 9 dias.
Ovos de Discoglossus galganoi - Fotografia de Vasco Flores Cruz em Anfíbios e Répteis de Portugal
Ovos de Discoglossus galganoi - Fotografia de Vasco Flores Cruz em Anfíbios e Répteis de Portugal
Girinos recém-eclodidos de Discoglossus galganoi - Fotografia de Vasco Flores Cruz em Anfíbios e Répteis de Portugal
Girinos de Discoglossus galganoi - Fotografia de Vasco Flores Cruz em Anfíbios e Répteis de Portugal
A metamorfose completa-se ao fim de 20 a 60 dias e os juvenis são muito pequenos (10-11mm).
Girino de Discoglossus galganoi - Fotografia de Vasco Flores Cruz em Anfíbios e Répteis de Portugal
A longevidade máxina desta espécie ronda os 10 anos.
Alimentação
A dieta dos adultos baseia-se em insectos, aranhas, caracóis, lesmas, minhocas e, inclusivamente, juvenis da própria espécie. Os girinos alimenta-se de matéria vegetal e detritos.
Os seus principais predadores incluem: cobra-de-água, inumeras aves e alguns carníveros. Os girinos podem ser predados por larvas de insectos aquáticos, cobras-de-água e outros anfíbios (urodelos - por exemplo, o tritão marmorado).
O seu principal mecanismo de defesa consiste na fuga, ocultando-se na água ou entre a vegetação herbácea.
Ocupam uma grande variedade de ambientes, desde o Montado e os seus estados de degradações, até florestas de pinheiros e pastagens com terras pantanosas, florestas ribeirinhas e lagoas costeiras. Durante a reprodução procuram locais com baixo nível de água, sejam naturais ou artificiais.
Encontra-se geralmente dentro ou na vizinhança imediata da água (com a vegetação densa circundante), incluindo águas paradas, pântanos, bebedouros e águas, às vezes, salgadas.
Os habitats terrestres da espécie ocorrem em granito e em outras rochas metamórficas, e incluem áreas arenosas próximas do mar, áreas abertas, prados, arvoredos e orlas de floresta.
A espécie, e o desenvolvimento larval, ocorrem dentro de corpos de água permanentes ou temporários mas, pouco profundos. Está frequentemente presente nas áreas ligeiramente modificadas, como terrenos agrícolas tradicionais.
Em Espanha, é abundante em grande parte da sua extensão (com excepção das populações do Nordeste), enquanto que em Portugal as espécies podem ser localmente abundantes em populações fragmentadas.
Encontra-se na metade ocidental da Península Ibérica, a norte do rio Guadalquivir, e encontra-se em altitudes que vão desde o nível do mar até 1.940 m acima do nível do mar (Piedrahita, Espanha).
Jaime Bosch, Pedro Beja, Miguel Tejedo, Miguel Lizana, Iñigo Martínez-Solano, Alfredo Salvador, Mario García-París, Ernesto Recuero Gil, Carmen Diaz Paniagua, Valentin Pérez-Mellado, Rafael Marquez 2009. Discoglossus galganoi. The IUCN Red List of Threatened Species. Version 2014.3. <www.iucnredlist.org>. Downloaded on 16 April 2015
A desertificação é uma ameaça para as espécies nas zonas mais áridas da sua extensão, como o sul de Portugal. Além disso, os projetos hidrelétricos estão conduzindo à perda de habitat em partes de Portugal.
Tem o status de conservação de 'quase ameaçado' no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. De acordo com a IUCN, o estado de conservação é Menos Preocupação (LC) e as populações estão a diminuir.
