"Charcos Temporários: um habitat natural a proteger!"

Anfíbios

> Geral

Os anfíbios são pequenos animais vertebrados de pele nua (sem pêlos, penas ou escamas) que se adaptaram a viver tanto em meios aquáticos, onde se reproduzem, como em meios terrestres húmidos.

Em Portugal podem ser divididos em dois grupos: os caudatas, espécies que apresentam cauda no estado adulto, tais como as salamandras (normalmente mais terrestres) e os tritões (mais aquáticos);

e os anuros, que não apresentam cauda no estado adulto e que abrangem os sapos (mais terrestres), as rãs (mais aquáticas) e as relas (rãs arborícolas ou trepadoras).

Os anfíbios estão extremamente bem adaptados a viver em massas de água temporárias, onde naturalmente não existem peixes, e são o grupo de vertebrados com o papel ecológico mais importante.

As larvas dos anuros, também chamadas de girinos, alimentam-se de detritos e de algas contribuindo para a qualidade da água. Já as larvas de caudata são carnívoras e alimentam-se principalmente de invertebrados (ex: larvas de mosquito) contribuindo assim no controlo destas populações. No estado adulto, tanto os anuros como os caudatas se alimentam de insectos, vermes e moluscos podendo algumas espécies alimentar-se de animais maiores. Por sua vez, os anfíbios, nas várias fases de desenvolvimento, servem de alimento a inúmeras espécies de animais, tais como invertebrados (ex: Triops vicentinus), aves, répteis, mamíferos e mesmo outros anfíbios.

Devido ao efeito dos ventos húmidos atlânticos, a zona costeira do Sudoeste de Portugal apresenta um clima ameno, atlanto-mediterrânico, que favorece a presença de 13 espécies de anfíbios: Salamandra-de-costelas-salientes (Pleurodeles waltl), Salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra crespoi), Tritão-de-ventre-laranja (Lissotriton boscai), Tritão-marmorado-pigmeu (Triturus pygmaeus), Rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi), Sapo-parteiro-ibérico (Alytes cisternasii), Sapinho-de-verrugas-verdes (Pelodytes punctatus), Sapo-de-unha-negra (Pelobates cultripes), Sapo-corredor (Bufo calamita), Sapo-comum (Bufo spinosus), Rela-comum (Hyla molleri), Rela-meridional (Hyla meridionalis) e a Rã-verde (Pelophylax perezi).

Todas estas espécies encontram nos Charcos Temporários Mediterrânicos condições adequadas para se reproduzir, contudo algumas nem sempre o fazem preferindo outras massas de água (Alytes cisternasii e Bufo spinosus).

As principais ameaças que estes fascinantes animais enfrentam são a destruição ou poluição dos seus locais de reprodução e de abrigo (durante os meses mais quentes, muitas espécies estivam) e a introdução de espécies exóticas como a gambúsia (Gambusia affinis) e o lagostim-vermelho-do-Lousiana (Procambarus clarkii) que predam vorazmente os ovos, larvas e juvenis dos anfíbios.

Apesar destas espécies, com excepção da Rã-de-focinho-pontiagudo, não apresentarem estatuto de proteção em Portugal (Livro Vermelho dos Vertebrados) e de apresentarem o estatuto de Pouco Preocupante (LC) na lista da IUCN, as ameaças que estes enfrentam poderão causar o desaparecimento de muitas populações de anfíbios com graves prejuízos ambientais e não só.

Das 13 espécies de anfíbios que ocorrem na área de intervenção deste projecto LIFE destacam-se aqui 8 espécies pela sua peculiaridade, quer ecológica quer genética.


O seu browser está desatualizado!

Atualize o seu browser para ver o site correctamente. Atualizar agora

×