"Charcos Temporários: um habitat natural a proteger!"

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A Comissão Europeia aprovou o Projeto LIFE+ "Conservação de Charcos Temporários na Costa Sudoeste de Portugal" (LIFE12NAT/PT/997), cujo acrónimo é LIFE Charcos, coordenado pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN) e que conta com a parceria de diversas instituições públicas e privadas, designadamente a Universidade de Évora (UÉvora), a Universidade do Algarve (UAlg), a Câmara Municipal de Odemira (CMO) e a Associação de Beneficiários do Mira (ABM).

O Projecto LIFE Charcos visa a conservação de um habitat prioritário, os Charcos Temporários Mediterrânicos – CTM (habitat prioritário 3170* da Directiva Habitats), que se encontra cada vez mais ameaçado devido à sua fragilidade ecológica e desconhecimento do seu valor natural. As formas de gestão do território, nomeadamente a intensificação da agricultura industrializada, constituem um dos principais e mais recentes factores de declínio deste habitat.

A singularidade deste habitat está associada à diversidade e peculiaridade de organismos que alberga. A flora e fauna associadas são muito específicas e adaptadas à alternância de condições extremas de encharcamento ou secura, de acordo com a altura do ano, pois os CTM são zonas húmidas em que a permanência da água depende da precipitação anual e das condições hidrogeológicas locais.

Algumas das espécies de fauna que aqui ocorrem, nomeadamente alguns crustáceos de água doce, são endemismos com uma área de distribuição muito reduzida. Um exemplo muito interessante é o Triops vicentinus, que é considerado um fóssil vivo, pois persiste desde os tempos em que surgiram os dinossauros e só existe na Costa Vicentina. Os charcos representam ainda um habitat essencial para a reprodução de anfíbios, sendo este o único habitat de água doce no qual se encontram quase todas as espécies de anfíbios que ocorrem na região.

O Projeto LIFE Charcos será implementado no Sítio de Importância Comunitário (SIC) da Costa Sudoeste da Rede Natura 2000 (parcialmente coincidente com o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina), mais propriamente nas charnecas do Concelho de Odemira e planalto de Vila do Bispo, por aí se encontrarem alguns dos principais núcleos de charcos temporários a nível nacional.

As atividades previstas são muito diversificadas, destacando-se:
• Produção de cartografia georreferenciada dos charcos e da biodiversidade associada;
• Estudo do funcionamento hidrogeológico destes habitats;
• Estabelecimento de normas de gestão para a manutenção do estado de conservação favorável dos charcos;
• Demonstração de técnicas de restauro ecológico deste habitat;
• Promoção de conetividade entre estes habitats;
• Recuperação de um charco para fins didáticos e visitação;
• Criação de um banco de sementes específico deste habitat, que será utilizado para as ações de restauro e como salvaguarda de referência genética da flora destes habitats;
• Sensibilização para o valor deste habitat e das espécies emblemáticas que alberga e a importância de conservamos esta riqueza natural milenar.

Espera-se, portanto, que com este projeto se reduza drasticamente a tendência de declínio dos charcos temporários que se tem verificado até agora (estimada em 52% nos últimos 10 anos, apenas para o concelho de Odemira) e que se consigam recuperar charcos em estado de conservação desfavorável.

Este projeto é financiado a 75% pelo Programa LIFE-Natureza da Comissão Europeia, tendo um orçamento global de cerca de 2 milhões de euros. O Projecto LIFE Charcos terá a duração de 5 anos, entre Julho de 2013 e Setembro de 2018.

A Costa Sudoeste portuguesa alberga um património natural extraordinário, que inclui os CTM e a flora e fauna associadas, e que pode ser aproveitado para potenciar o desenvolvimento local sustentável, nomeadamente a atividade turística sustentável. Este projeto representa também um importante contributo para a implementação da Rede Natura 2000 (Rede Europeia de Espaços Naturais) e para a estratégia Europeia de parar a perda de biodiversidade na Europa até 2020.


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